O Culto da Personalidade em Oeiras
Os grandes e pequenos ditadores recorrem sistematicamente ao culto da personalidade, engrandecendo-se artificialmente e apagando e silenciando os seus opositores e mesmo os seus correligionários. Os exemplos históricos abundam: Hitler considerando-se Führer, o guia, o líder do povo alemão e esmagando com brutalidade os críticos, Mussolini, autoproclamando-se Duce, Salazar com a sua foto omnipresente nas escolas, nas repartições públicas, nos jornais. Todas estas sinistras personagens deixaram um rasto de dor, de morte, de destruição que procuraram embelezar com grandes palavras e com o culto da personalidade.
O truque é simples ao mesmo tempo que se engrandece o líder diminuem-se e apoucam-se os restantes. Consolida-se o poder do chefe e retira-se a palavra às pessoas. O culto da personalidade é profundamente antidemocrático.
Vem tudo isto a propósito da publicação Oeiras Atual que regularmente nos é oferecida pela Câmara Municipal. É uma publicação cuidada, cara, profusamente ilustrada. O ideal para a promoção do culto da personalidade do nosso Presidente da Câmara.
O único protagonista é Isaltino de Morais e praticamente não há artigo que não refira a sua ação. Em cada página tem uma fotografia e em algumas páginas chega a ter três fotografias.
A narrativa é simples: tudo o que é feito no Concelho é obra de Isaltino de Morais. Sem ele nada poderia ser edificado, construído, criado, o caos instalava-se e Oeiras, provavelmente, desapareceria do mapa. Isaltino o faz tudo, desde a feijoada à negociação com multinacionais. Um verdadeiro super-homem. De forma simpática e jovial vem-se inculcando há décadas esta mensagem subliminar, este culto da personalidade, esta ideia (falsa) de dinamismo e omnipresença do líder, do duce, do führer.
Este é o segredo da longevidade de Morais como autarca, como dono e senhor de Oeiras. Mas é preciso parar. Alertar. Denunciar. Oeiras precisa de um rumo diferente, precisa de trabalho de equipa, de integrar a diferença, de alternativas, precisa do contributo de todos, precisa de pessoas livres e iguais. Em suma Oeiras precisa de Democracia e Liberdade e não do culto da personalidade, nem de um salvador da pátria que se coloca acima dos outros.
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